Missão Continente e ICS-ULISBOA apresentam estudo que retrata Sustentabilidade em Portugal
As questões ambientais, a estabilidade da economia nacional e a alimentação saudável estão entre as principais preocupações da população portuguesa, tal como evidencia o estudo encomendado pela Missão Continente ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa).
No âmbito da sua atuação, a Missão Continente apresenta o II Grande Inquérito de Sustentabilidade em Portugal, com coordenação científica do ICS-ULisboa, que acontece no dia 4 de setembro, às 09h30, no Auditório Sedas Nunes daquele Instituto. Este projeto tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável do país e, em particular, das comunidades, reconhecendo a importância da informação para o conhecimento das diferentes realidades e para a adequação das estratégias.
Acreditando que o desenvolvimento sustentável é responsabilidade de todos – Governo, empresas, sociedade civil e cidadãos –, o II Grande Inquérito dedica blocos específicos às temáticas da alimentação, do desperdício alimentar, da economia circular e da rastreabilidade/transparência dos produtos, pelo que importa salientar algumas das conclusões consideradas relevantes:
Desde logo o facto de, apesar de ultrapassada a fase de maior instabilidade económica que se registou em Portugal nos anos da crise económica e das políticas de austeridade, a sociedade portuguesa, no geral, não ter deixado de continuar a sentir-se afetada por condicionantes económicas identificando como preocupações principais o Desemprego/Precariedade Laboral (38,8%) e os Salários baixos / Poder de compra (29,2%).
Por sua vez, a questão da Corrupção é também encarada como extremamente problemática para Portugal por 26% dos inquiridos, logo seguida por 24,5% preocupados com o acesso à saúde (sobretudo os mais velhos).
Ainda a destacar, as preocupações ambientais (sobretudo dos mais novos) com 19,6% dos inquiridos a considerarem que a degradação ambiental e os riscos inerentes são os principais problemas com que Portugal se confronta atualmente. Daí se justifica, por exemplo, que os consumidores abordados se mostrem disponíveis seja para reduzir o consumo de plásticos recorrendo a embalagens mais duráveis e reutilizáveis (34,9%), seja para substituir o plástico por outras alternativas biodegradáveis (34,6%) ou para promover a sua recolha e reciclagem (30,6%).
Entre as expressões associadas à ideia de ‘insustentabilidade’, os portugueses selecionam problemas ambientais como a Poluição dos oceanos (46,3%), as Alterações Climáticas (43,5%) e a Degradação da Natureza (41,5%).
No que diz respeito às práticas de consumo, os resultados obtidos revelam que 61% dos consumidores portugueses alteraram as suas práticas em consequência da crise, e muitos mantiveram-nas no período pós-crise, sendo de destacar que cerca de 23% admitiram ter mudado de uma forma radical os seus hábitos de consumo após a crise. Aliás, os cidadãos mantêm-se particularmente atentos à gestão adequada dos orçamentos familiares e perante eventuais situações de acréscimo de rendimento privilegiam os cuidados de saúde (sobretudo os mais velhos) e a poupança (sobretudo os mais novos).
Em relação a perfis de consumidor com os quais os portugueses mais se identificam, destaca-se o perfil de consumo que reforça os valores da poupança face a recursos económicos escassos (consumidor constrangido), mas também os que remetem para novas formas de olhar o consumo mais atentas às suas implicações éticas e à necessidade de reduzir o consumo excessivo (consumidor ético, prosumidor e suficiência). São estas orientações para o consumo mais frugal que poderão mostrar-se promissoras na mudança social sedimentada no consumo sustentável resistente e resiliente a futuras crises económicas.
Relativamente ao consumo alimentar, verifica-se que, embora a maior parte dos portugueses mantenha a tradicional base alimentar na carne (sobretudo branca) e no peixe, existe uma disponibilidade de mudança, com 50,6% dos inquiridos predispostos a reduzir o consumo de carne (com 22,4% afirmando até estar ‘totalmente dispostos’), 45,1% dispostos a seguir uma alimentação de base vegetal, e 46,6% dispostos a pagar mais por carne produzida de forma sustentável.
Quanto às políticas públicas, os portugueses revelam grande recetividade à intervenção do Estado para contrariar práticas nocivas e estimular hábitos alimentares benéficos para a saúde e para o ambiente. Desde a garantia de que os refeitórios públicos reduzam a oferta de refeições menos saudáveis (82%), até ao incentivo de alimentos de agricultura biológica nos refeitórios (78%) e à proibição de produtos pouco saudáveis nos bufetes escolares (79%), passando por limitar a publicidade para as crianças no que respeita a alimentos menos saudáveis (74%). De resto, 60% dos portugueses concordam com as recentes medidas do Governo sobre a aplicação de taxas tanto aos produtos com excesso de sal, como aos refrigerantes com excesso de açúcar. Cerca de 48% dos portugueses considera que tal deve estender-se a outros produtos, sobretudo aos sumos, às bolachas, chocolates e doces.
De acordo com José Fortunato, Presidente da Missão Continente, as conclusões reunidas no II Grande Inquérito sobre a Sustentabilidade em Portugal “refletem as principais preocupações dos cidadãos portugueses, sendo por isso essencial para incentivar a discussão tanto junto da comunidade, como dos principais agentes económicos e políticos do País e, nessa sequência, encontrar as respostas para as problemáticas aqui evidenciadas”. De acordo com o mesmo responsável “Este estudo surge da necessidade de perceber as perceções e opiniões da sociedade civil acerca do tema da sustentabilidade, uma vez que é um tema que está no ADN do Continente e da Sonae MC, e que ainda não havia em Portugal um estudo com esta profundidade. Dado o sucesso da 1ª edição a Missão Continente decidiu dar continuidade ao mesmo contribuindo não só para a sociedade civil e organizações estarem mais informadas acerca do tema, como na ajuda da definição das suas estratégias de atuação.”
O II Grande Inquérito sobre a Sustentabilidade em Portugal foi realizado entre 7 de novembro e 13 de dezembro através de um questionário presencial baseado em inquérito estruturado, de acordo com uma amostragem de 1600 cidadãos residentes em Portugal com idade superior a 18 anos.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=QR1iz1dUd00&list=PL114B0286107436C0
No âmbito da sua atuação, a Missão Continente apresenta o II Grande Inquérito de Sustentabilidade em Portugal, com coordenação científica do ICS-ULisboa, que acontece no dia 4 de setembro, às 09h30, no Auditório Sedas Nunes daquele Instituto. Este projeto tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento sustentável do país e, em particular, das comunidades, reconhecendo a importância da informação para o conhecimento das diferentes realidades e para a adequação das estratégias.
Acreditando que o desenvolvimento sustentável é responsabilidade de todos – Governo, empresas, sociedade civil e cidadãos –, o II Grande Inquérito dedica blocos específicos às temáticas da alimentação, do desperdício alimentar, da economia circular e da rastreabilidade/transparência dos produtos, pelo que importa salientar algumas das conclusões consideradas relevantes:
Desde logo o facto de, apesar de ultrapassada a fase de maior instabilidade económica que se registou em Portugal nos anos da crise económica e das políticas de austeridade, a sociedade portuguesa, no geral, não ter deixado de continuar a sentir-se afetada por condicionantes económicas identificando como preocupações principais o Desemprego/Precariedade Laboral (38,8%) e os Salários baixos / Poder de compra (29,2%).
Por sua vez, a questão da Corrupção é também encarada como extremamente problemática para Portugal por 26% dos inquiridos, logo seguida por 24,5% preocupados com o acesso à saúde (sobretudo os mais velhos).
Ainda a destacar, as preocupações ambientais (sobretudo dos mais novos) com 19,6% dos inquiridos a considerarem que a degradação ambiental e os riscos inerentes são os principais problemas com que Portugal se confronta atualmente. Daí se justifica, por exemplo, que os consumidores abordados se mostrem disponíveis seja para reduzir o consumo de plásticos recorrendo a embalagens mais duráveis e reutilizáveis (34,9%), seja para substituir o plástico por outras alternativas biodegradáveis (34,6%) ou para promover a sua recolha e reciclagem (30,6%).
Entre as expressões associadas à ideia de ‘insustentabilidade’, os portugueses selecionam problemas ambientais como a Poluição dos oceanos (46,3%), as Alterações Climáticas (43,5%) e a Degradação da Natureza (41,5%).
No que diz respeito às práticas de consumo, os resultados obtidos revelam que 61% dos consumidores portugueses alteraram as suas práticas em consequência da crise, e muitos mantiveram-nas no período pós-crise, sendo de destacar que cerca de 23% admitiram ter mudado de uma forma radical os seus hábitos de consumo após a crise. Aliás, os cidadãos mantêm-se particularmente atentos à gestão adequada dos orçamentos familiares e perante eventuais situações de acréscimo de rendimento privilegiam os cuidados de saúde (sobretudo os mais velhos) e a poupança (sobretudo os mais novos).
Em relação a perfis de consumidor com os quais os portugueses mais se identificam, destaca-se o perfil de consumo que reforça os valores da poupança face a recursos económicos escassos (consumidor constrangido), mas também os que remetem para novas formas de olhar o consumo mais atentas às suas implicações éticas e à necessidade de reduzir o consumo excessivo (consumidor ético, prosumidor e suficiência). São estas orientações para o consumo mais frugal que poderão mostrar-se promissoras na mudança social sedimentada no consumo sustentável resistente e resiliente a futuras crises económicas.
Relativamente ao consumo alimentar, verifica-se que, embora a maior parte dos portugueses mantenha a tradicional base alimentar na carne (sobretudo branca) e no peixe, existe uma disponibilidade de mudança, com 50,6% dos inquiridos predispostos a reduzir o consumo de carne (com 22,4% afirmando até estar ‘totalmente dispostos’), 45,1% dispostos a seguir uma alimentação de base vegetal, e 46,6% dispostos a pagar mais por carne produzida de forma sustentável.
Quanto às políticas públicas, os portugueses revelam grande recetividade à intervenção do Estado para contrariar práticas nocivas e estimular hábitos alimentares benéficos para a saúde e para o ambiente. Desde a garantia de que os refeitórios públicos reduzam a oferta de refeições menos saudáveis (82%), até ao incentivo de alimentos de agricultura biológica nos refeitórios (78%) e à proibição de produtos pouco saudáveis nos bufetes escolares (79%), passando por limitar a publicidade para as crianças no que respeita a alimentos menos saudáveis (74%). De resto, 60% dos portugueses concordam com as recentes medidas do Governo sobre a aplicação de taxas tanto aos produtos com excesso de sal, como aos refrigerantes com excesso de açúcar. Cerca de 48% dos portugueses considera que tal deve estender-se a outros produtos, sobretudo aos sumos, às bolachas, chocolates e doces.
De acordo com José Fortunato, Presidente da Missão Continente, as conclusões reunidas no II Grande Inquérito sobre a Sustentabilidade em Portugal “refletem as principais preocupações dos cidadãos portugueses, sendo por isso essencial para incentivar a discussão tanto junto da comunidade, como dos principais agentes económicos e políticos do País e, nessa sequência, encontrar as respostas para as problemáticas aqui evidenciadas”. De acordo com o mesmo responsável “Este estudo surge da necessidade de perceber as perceções e opiniões da sociedade civil acerca do tema da sustentabilidade, uma vez que é um tema que está no ADN do Continente e da Sonae MC, e que ainda não havia em Portugal um estudo com esta profundidade. Dado o sucesso da 1ª edição a Missão Continente decidiu dar continuidade ao mesmo contribuindo não só para a sociedade civil e organizações estarem mais informadas acerca do tema, como na ajuda da definição das suas estratégias de atuação.”
O II Grande Inquérito sobre a Sustentabilidade em Portugal foi realizado entre 7 de novembro e 13 de dezembro através de um questionário presencial baseado em inquérito estruturado, de acordo com uma amostragem de 1600 cidadãos residentes em Portugal com idade superior a 18 anos.
Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=QR1iz1dUd00&list=PL114B0286107436C0